Nesta segunda-feira, 25 de julho celebramos o Dia da Mulher Afro-latino-
americana e Caribenha. Não poderíamos deixar passar esta data, sem parabenizar
a todas as mulheres e aqui pontuo todas as educadoras que nesta luta constante
e diária, defendem uma educação pública de qualidade.
As mulheres negras da diáspora africana celebram 25 de julho, Dia
Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, como símbolo de
(re)união e de (re)conhecimento mundial de suas histórias de vida guerreira,
combativa e imprescindível à construção de um mundo solidário, multiétnico e
pluricultural.
A escolha da data ocorreu no I Encontro das Mulheres Negras da América
Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana, em 1992. O Dia
Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha é mais do que uma
data comemorativa, representa a luta pelo empoderamento das mulheres negras
fora da África.
No Brasil, as mulheres negras têm, em comum, vidas marcadas pela
opressão de gênero, agravadas pelo racismo e pela exploração sexual. Só será
possível pensarmos em um mundo novo ou num outro Brasil, quanto as diferenças
forem consideradas como riquezas e não utilizadas como sinônimo de
inferioridade.
Deixamos o poema a
seguir, como homenagem, temos plena certeza que ainda é pouco, mas que nossa
escrita se torne mais um instrumento de reflexão nos 365 dias do ano. O poema fala um pouco da trajetória dessas mulheres
sempre presentes na caminhada para a superação das dificuldades, escrito por Serafina
Machado (in Cadernos Negros 29).
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NEGRA
Para Gizelda
Sou mulher
Sou Negra.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando
ondas de negralma.
Fui escrava.
Como mucama limpei o caminho dos
meus senhores.
Fui corpo, sangue, orifício para
o prazer do outro.
Fui operária, doméstica,
lavadeira...
Negrimaculei a alvazia sociedade.
Costurei o rasgo da
invisibilidade.
Subi o morro:
Favela de São Jorge.
Lá no alto, fui pássaro...
Cantei.
Da África para o mundo
Mostrei minha voz humilhada,
porém, no ritmo do tambor,
forte.
Fui vítima
da minha cor, do meu sexo.
Muitas portas fechadas.
Fui guerreira e acordei
No meio da noite... tiroteios
São Jorge havia liberado o
dragão.
Cuspes de fogo tentaram queimar
meus sonhos.
Resisti...
Sou mulher
Sou Negra
Sou pobre
Sou história.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando
ondas de
negralma.
Parabéns, Mulheres Negras Latino-americanas e
Caribenhas!!!
Professora Marielda Medeiros |
Marielda
B. Medeiros
Departamento
Pedagógico / Equipe de Diversidade
Assessoria
do Afro Brasileiro e Quilombolas / 5ª CRE / Pelotas