Nego Drama

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Lanceiros Negros, o lado B que a história gaúcha insiste em esconder


Entre 1835 e 1845 o império brasileiro testemunhou o mais longo conflito ocorrido em nosso território, a Revolução Farroupilha. E, é neste contexto histórico, que surgiram os lanceiros negros farroupilha. Recrutados em meio aos negros campeiros e domadores da atual Região Sul do Estado gaúcho (Canguçu, Pelotas, Bagé, Piraí...), os lanceiros quando na sua fundação foram organizados em duas divisões: "uma de cavalaria, e a outra de infantaria, criados respectivamente, em 12 de setembro de 1836 e 31 de agosto de 1838". As referidas divisões, segundo o historiador e oficial do Estado Maior do Exército Brasileiro, Cláudio Moreira Bento "eram constituídas basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense,(...)."


Temidos pelo fato de serem truculentos e ao mesmo tempo exímios esgrimistas, esses combatentes, sobretudo a cavalaria, utilizava como equipamentos de combate: lanças compridas; coletes de couro cru; esporas afiadas presas aos pés e boleadeiras. A boleadeira, por exemplo, quando arremessada capturava o inimigo que por ventura estivesse distante de uma montaria.
Subordinados a vários ex-oficiais do militarismo imperial brasileiro, entre eles, os idealizadores dos lanceiros, coronéis Joaquim Pedro Soares e Teixeira Nunes, o efetivo formado pela parcela mais discriminada da população, isto é, os negros, ocuparam um importante destaque na nomenclatura do conflito. Isto porque, foram muitas as batalhas em que os milicianos agiram em defesa dos mesmos objetivos ensejados pelos revolucionários, ou seja, o de garantir um futuro melhor e mais justo para todos os provincianos.
Sob os olhares de Bento Gonçalves, do casal Garibaldi e de David Canabarro, os revolucionários negros participaram efetivamente da tomada de Porto Alegre, da conquista de Laguna, e do conflito na Região de Lages, além da Batalha de Porongos.
De acordo com historiadores, Canabarro teria ordenado desarmar os cerca de 600 lanceiros na noite de 14 de novembro de 1844. Tal determinação não chamaria a atenção, se ela não tivesse sido transmitida na mesma noite do ataque imperialista. São muitas as fontes afirmando o "pacto de extermínio dos negros com Caxias para que não houvesse impedimento na assinatura do tratado de paz com os revoltosos". A realização do provável acordo "arquitetado por Caxias ''tinha embasamento alicerçado em duas vertentes naturais. Ao exterminar o maior número de negros possível, certamente diminuiriam também as exigências dos revoltosos no que tange o acordo de paz. Por outro lado, "manter a liberdade do grande contingente negro com experiência militar era um grande risco para sociedade".
Desarmados e sem apresentar nenhuma reação, a tropa de choque mais temida do Sul brasileiro foi dizimada no cair da madrugada. Infelizmente, o passado relacionado aos lanceiros negros farrou pilha sempre esteve atrelado aos bastidores da historiografia oficial, e somente em 1870, é que surgiu o primeiro livro sobre o assunto.

De 07 a 20 de setembro, a história deste grupamento será relembrada na maior festa popular do Rio Grande do Sul através da Semana Farroupilha.

A força está no cabelo


Negra, Negra!
Solte esse cabelo!
Pois seu cabelo é beleza!
Seu cabelo são as forças da natureza!

Seu cabelo não é sensual, exótico ou misto de inferioridade estético ocasional!
Seu cabelo é a representação de nossos ancestrais!
A continuação de Lélias Gonzáles, Ângela Davis, Rainhas Nzingas e Cleopatas!

Negra, Negra!
Solte esse cabelo deixe os alisantes!
Tire-o das correntes das queimaduras constantes

Negra nosso cabelo não é ruim, duro ou feio!
Nosso cabelo é a concretização geométrica!
O ideal dos múltiplos formatos!
O volumoso matemático!

Negra dê o grito de liberdade e resgate nossa ancestralidade
Diga não a discriminação introjetada pela opressão
daqueles que só nos fizeram mal!

Negra Nanã, Oxúm,Iansã, Iemanjá e tantas outras deusas africanas são o símbolo de nossa beleza.
Negra nossa beleza é africana originada das mais belas abstrações míticas!
Negra somos a arte em carne e sangue

Poesia de: Luane Bento dos Santos

Energias da natureza

Já nem sei mas quem sou. sou a fusão de todas as energias da natureza, que ficaram de Atlântico para cá.
Tem horas que me sinto meio terra, meio vento, meio mar, meio água doce, meio barro, meio folha, meio fogo, meio trovão, meio a morte
, entremeios a vida.
É pois é sou minha ancestralidade!
Sou mandiga!
Sou feiticeira!
Sou cabocla!
Sou preta, negra, retinta, dourada!
Sou o conjunto de África!

Luane Bento do Santos




Poesia de: Luane Bento dos Santos

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cinco evidências que Jesus não era branco


A questão da cor de Jesus sempre foi um tema polêmico, evocando fortes paixões tanto a favor como contra a negritude e branquitude de Cristo. Tem uma brincadeira que os negros norte-americanos costumam dizer sobre três maneiras que prova que Jesus era Negro:

  • Ele chamou todos de  irmãos,
  • Gostava do Evangelho, e
  • Ele não poderia ter um julgamento justo.

 
Brincadeira  à parte, o fato é que existe fortes evidencias bíblicas que Jesus não era branco. Vejamos 5 delas:

  1. Jesus nasceu em Africa. Os Evangelhos dizem de maneira explícita que Jesus nasceu em “Belém de Judá, no tempo do rei Herodes” (Mt 2,1 cfr. 2, 5.6.8.16), (Lc 2, 4.15), (Jo 7, 40-43). Nos tempos antigos, incluindo o tempo de Jesus, Belém de Judá era considerado parte de  África. Até a construção do Canal de Suez, Israel fazia parte da África. Esta visão haveria de perdurar até 1859, quando o engenheiro francês Ferdinand de Lesseps pôs-se a construir o Canal de Suez. A partir daí, foi a África separada não somente geográfica, mas sobretudo histórica, cultural e antropologicamente do que hoje chamamos Oriente Médio. Aquela milenar extensão da África passa a figurar nos mapas como se fora Ásia. 
  2. Jesus tinha presença negra na linhagem familiar. A genealogia de Jesus foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilônia. Nos antepassados de Jesus através de Cam, lado feminino desta mistura, há cinco mulheres mencionadas na genealogia de Jesus Cristo ( Tamar, Raabe, Rute, Bateseba e Maria) (Mateus 1:1-16). As primeiras senhoras mencionadas eram de descendência de Cam. Assim, Jesus pode ser aclamado etnicamente pelos povos semitas e descendentes de Cam.
  3. Jesus era da tribo de Judá, uma das tribos Africanas de Israel. Ancestrais masculinos de Jesus vêm da linha de Sem (miscigenados). No entanto, a genealogia de Jesus foi misturada com a linha de Cam desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilônia. O antepassado de Jesus através de Cam é narrado em Gênesis 38: então Tamar, a mulher Cananéia (Negra) fica grávida de Judá, e dá à luz aos gêmeos Zerá e Perez, formando a Tribo de Judá, antepassados do rei Davi e de José e Maria, os pais terreno de Jesus. 
  4. Jesus se escondeu entre os Negros. Não foi por acaso que Deus enviou a Maria e José para o Egito com o propósito de esconder o menino Jesus do rei Herodes (Mateus 2:13). Ele não poderia ter sido escondidos no norte da África se fosse um menino branco. Não por proteção militar já que nessa época o Egito era uma província romana sob o controle romano, mas porque o Egito ainda era um país habitado por pessoas negras. Assim, José, Maria e Jesus teriam sido apenas mais uma família negra entre os negros, que tinham fugido para o Egito com a finalidade de esconder Jesus de Herodes, que estava tentando matar o menino. Se Jesus fosse branco, loiro de olhos azuis, teria sido difícil para ele e sua família se esconder entre os egípcios negros sem ser notado. O povo hebreus era muito parecido com povo egípcios, caso contrario  teria sido difícil reconhecer uma família hebraica entre os egípcios Negros. Foi no Egito que o povo de  Israel  teve seu auge da negritude, Setenta israelitas entraram no Egito e lá ficaram  durante 430 anos, trinta anos os israelitas foram hóspedes, e 400 anos  cativos no Egito, eles e seus descendentes se casaram com não-israelitas, chegando a mais de 600.000 homens, mulheres e crianças. Saíram do Egito uma multidão misturada. Etnicamente, os seus antepassados eram uma combinação de afro-asiáticos. 
  5. Jesus era semelhante pedra de jaspe e de sardônio. Em apocalipse a Bíblia continua mostrando a negritude de Jesus. Ele é chamado o Cordeiro de Deus segundo as Escritura Sagrada, com seu cabelo lanoso, sendo comparado a lã de cordeiro, e os pés com a cor de bronze queimado(Apocalipse 1:15), com uma aparência semelhante pedra de jaspe e de sardônio (Apocalipse 4:3), que são geralmente pedras amarronzadas. As cores de jaspe e sardônio não são únicas e absolutas, são diversas cores.

Fonte: Afrokut

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

80 Anos da Frente Negra Brasileira


"A Frente Negra Brasileira foi fundada em 16 de setembro de 1931 e durou até 1937, tornando-se partido político em 1936. Foi a mais importante entidade de afrodescendentes na primeira metade do século, no campo sócio-político. A Frente Negra foi um movimento social que ajudou muito nas lutas pelas posições do negro aqui em São Paulo.

Existiam diversas entidades negras. Todas essas entidades cuidavam da parte recreativa e social, mas a Frente veio com um programa de luta para conquistar posições para o negro em todos os setores da vida brasileira. Um dos seus departamentos, inclusive, enveredou pela questão política, porque nós chegamos à conclusão de que, para conquistar o que desejávamos, teríamos de lutar no campo político, teríamos de ter um partido que verdadeiramente nos representasse.

A consciência que existia na época eu acho que era muito mais forte que a que existe agora. Quando o negro sente uma pressão, quando qualquer agrupamento humano sente uma pressão, procura um meio de defesa. A pressão era tão forte que muitos jornais publicavam: "Precisa-se de empregado, mas não queremos de cor".
Havia alguns movimentos também no interior, principalmente nos lugares em que os negros não passeavam nos jardins, mas na calçada. Muitas famílias não aceitavam, inclusive, empregadas domésticas negras; começaram a aceitar quando se criou a Frente Negra Brasileira. Chegou-se ao ponto de exigir que essas negras tivessem as carteirinhas da Frente.
Então, essa consciência era muito mais acentuada do que nos dias atuais. Porque hoje os jovens negros, a meu ver, estão muito acomodados, não sei se por receio ou não. A Frente Negra funcionava perfeitamente. Lá havia o departamento esportivo, o musical, o feminino, o educacional, o de instrução moral e cívica. Todos os departamentos tinham a sua diretoria, e o Grande Conselho supervisionava todos eles. Trabalhavam muito bem.

Dessa forma, muitas entidades de negros que cuidavam de recreação filiaram-se à Frente Negra. E existiam diversas sociedades em São Paulo e pelo interior afora. Por isso a Frente cresceu muito, cresceu de uma tal maneira que tinha delegação no Rio de Janeiro, na Bahia, no Rio Grande do Sul, e, Minas Gerais etc."

fonte:: Portal Gelédes