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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Negros e Populações de Baixa Renda São os Mais Impactados pelas Enchentes no Rio Grande do Sul, Revela Datafolha



A recente pesquisa do Datafolha trouxe à luz um retrato alarmante dos impactos das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul nos últimos dois meses, destacando que as populações de menor renda, majoritariamente negras e com baixa escolaridade, foram as mais severamente afetadas. Este levantamento oferece uma compreensão profunda das disparidades socioeconômicas exacerbadas pelos desastres climáticos.

Conforme os dados coletados, aproximadamente 47% das famílias com renda de até dois salários mínimos sofreram perdas significativas, incluindo a destruição de residências, móveis, eletrodomésticos e até mesmo a perda de fontes de sustento. Em contraste, apenas 13% daqueles com rendimentos entre cinco e dez salários mínimos relataram algum tipo de prejuízo.

A pesquisa também revela disparidades raciais substanciais: 52% das pessoas negras nas áreas atingidas relataram perda de bens ou fontes de renda, enquanto 40% dos pardos e 26% dos brancos enfrentaram as mesmas dificuldades. Esses números destacam a vulnerabilidade das comunidades negras frente a eventos climáticos extremos.

Realizado com 567 entrevistas em diversas localidades do estado, o estudo apresenta uma margem de erro máxima de 4 pontos percentuais. Para a região metropolitana de Porto Alegre, a margem é de 5 pontos, e nas cidades do interior, a variação é de 7 pontos percentuais.

Esses dados corroboram tendências identificadas em outros estudos sobre mudanças climáticas, que apontam que eventos climáticos extremos tendem a afetar de maneira mais severa as populações socioeconomicamente vulneráveis. Notavelmente, 24% dos negros entrevistados relataram ter sido forçados a abandonar suas casas devido às enchentes, em comparação com a média estadual de 14%.

A situação é ainda mais crítica entre os indivíduos com menor escolaridade. Quase metade 48% daqueles que não completaram o ensino fundamental, sofreram perdas significativas. Enquanto 17% dos entrevistados com ensino superior enfrentaram prejuízos similares.

Além disso, a pesquisa indica que os moradores da capital e da região metropolitana foram desproporcionalmente afetados em comparação com os residentes das cidades do interior. Na Grande Porto Alegre, 36% dos entrevistados relataram perdas, em contraste com 26% nas demais regiões do estado. Em termos de gênero, as mulheres foram mais afetadas pela perda de emprego ou sustento próprio: 22% das entrevistadas mencionaram ter perdido suas fontes de renda, em comparação com 17% dos homens.