Nego Drama

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Denúncia: salão de beleza nega-se a cortar cabelo de criança negra

 Funcionários do “Salão Fascínio”, localizado no andar térreo do Shopping Itaigara, em Salvador, recusaram-se hoje, dia 23 de setembro, a cortar o cabelo de uma criança negra, de seis anos, recomendando a mãe
que “passasse a máquina”, pois aquele cabelo “não dava para ser cortado,
nem desembaraçado”. A mãe da criança, a jornalista Márcia Guena, acusou os funcionários e a dona do salão de racismo e logo procurou a administração do shopping para formalizar a denúncia. Neste caso
configura-se um duplo crime por tratar-se de racismo e de violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por expor umacriança a uma situação vexatória.

Acompanhado da mãe, o menino M.S.G.S.O. entrou no salão por volta das 18:30, do dia 23 de
setembro, quando Guena solicitou ao único funcionário homem do salão, para quem foi indicada pela atendente Selma (a qual foi identificada como dona do salão), um corte estilo “black”, mas não muito alto. O funcionário então respondeu que para “aquele cabelo” só dava para “passar a máquina”. A mãe então disse: “eu não
solicitei que passem a máquina, mas que cortem o cabelo do meu filho. Eu já indiquei o corte que desejo”. O atendente repetiu: ”só dá pra passar a máquina”. Guena retirou a criança da cadeira e saiu imediatamente
do salão para não expor a criança a uma discussão motivada pelo racismo explícito. Mas diante da violência cometida contra a criança, que foi exposta a uma situação vexatória, e a recusa de cortar o cabelo de um negro, a mãe voltou com a finalidade de procurar a gerente e formalizar a denúncia de racismo.

Ao retornar, Guena disse para Selma que a recusa em cortar o cabelo de seu filho configurava-se racismo, um crime inafiançável e que iria formalizar a denúncia junto ao Ministério Público. Selma, identificada como
Maria Tavares de Oliveira, contestou dizendo que a mãe estava errada e que seus funcionários disseram que não sabiam cortar o cabelo da criança e que seria muito difícil desembaraçá-lo. Por isso, sópoderiam
passar a máquina, insistindo na resposta inicial do funcionário.

A mãe retirou-se do local e procurou a administração do Shopping. Guena foi recebida por Alda, que se identificou como administradora, e reconheceu a gravidade do problema, confirmando tratar-se sim de uma
situação de racismo. Imediatamente ligou para Selma (Maria Tavares Oliveira) reclamando da forma como foi realizado o atendimento.

Texto enviado pela jornalista Márcia Guena
Contatos: marciaguena@gmail.com

Nenhum comentário: