SETE ATOS OFICIAIS QUE DECRETARAM A MARGINALIZAÇÃO
Frei David Santos
1º ATO OFICIAL: IMPLANTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL
Através da Dum Diversas ao Rei de Portugal, Afonso V o papa Nicolau diz: “...nós lhe concedemos, por este documento, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo, onde quer que estejam, como também seus reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades... E REDUZIR SUAS PESSOAS À PERPÉTUA ESCRAVIDÃO, E APROPRIAR E CONVERTER EM SEU USO E PROVEITO E DE SEUS SUCESSORES...”,
Apoiados nesse documento, os reis de Portugal e Espanha promoveram uma DEVASTAÇÃO do continente africano, matando e escravizando milhões de habitantes.
2º ATO OFICIAL: LEI COMPLEMENTAR À CONSTITUIÇÃO DE 1824
“... pela legislação do império os negros não podiam freqüentar escolas, pois eram considerados doentes de moléstias contagiosas.”
Os poderosos do Brasil sabiam que o acesso ao saber é uma alavanca de ascensão social, econômica e política de um povo.
Com este decreto, a população negra foi encurralada nos porões da sociedade.
Juridicamente, este decreto agiu até 1889, com a proclamação da República. Na prática a intenção do decreto funciona até hoje.
3º ATO OFICIAL: LEI DE TERRAS DE 1850, N.º 601
Quase todo o litoral brasileiro estava povoado por QUILOMBOS.
O sistema, percebendo o crescimento do poder econômico do negro e que os brancos do interior estavam perdendo a valiosa mão -de- obra para sua produção, decretam a LEI DA TERRA:
“... a partir desta nova lei as terras só poderiam ser obtidas através de compra. Assim, com a dificuldade de obtenção de terras que seriam vendidas por preço muito alto, o trabalhador livre teria que permanecer nas fazendas, substituindo os escravos”.
A partir daí o exército brasileiro passa ter como tarefa, destruir os quilombos, as plantações e levar os negros de volta as fazendas dos brancos. O exército exerceu esta tarefa até 25 de outubro de 1887 quando um setor solidário ao povo negro cria uma crise interna no exército e comunica ao Império que não mais admitirá que o exército seja usado para perseguir os negros que derramaram seu sangue defendendo o Brasil na guerra do Paraguai.
A lei de terras não foi usada contra os imigrantes europeus.
Segundo a coleção “Biblioteca do Exército” considerável parcela de imigrantes receberam de graça grandes pedaços de terras, sementes e dinheiro. Isto veio provar que a lei de terras tinha um objetivo definido: tirar do negro a possibilidade de crescimento econômico através do trabalho em terras próprias e embranquecer o país com a maciça entrada de europeus.
4º ATO OFICIAL: GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)
Foi difundido que todos os negros que fossem lutar na guerra, ao retornar receberiam a liberdade e os já livres receberiam terra. Além do mais, quando chegava a convocação para o filho do fazendeiro, ele o escondia e no lugar do filho enviava de cinco a dez negros.
Antes da guerra do Paraguai
População negra do Brasil: 2.500.000 pessoas (45% do total da população brasileira).
Depois da guerra
População negra do Brasil: 1.500.000 pessoas (15% do total da população brasileira).
5º ATO OFICIAL: LEI DO VENTRE LIVRE (1871)
Esta lei até hoje é ensinada nas escolas como uma lei boa: “Toda criança que nascesse a partir daquela data nasceria livre.”
Na prática, esta lei separava as crianças de seus pais, desestruturando a família negra. O governo abriu uma casa para acolher estas crianças. De cada 100 crianças que lá entravam, 80 morriam antes de completar um ano de idade.
O objetivo desta lei foi tirar a obrigação dos senhores de fazendas de criarem nossas crianças negras, pois já com 12 anos de idade as crianças saíam para os QUILOMBOS à procura da liberdade negada nas senzalas. Com esta lei surgiram os primeiros menores abandonados do Brasil.
6º ATO OFICIAL: LEI DO SEXAGENÁRIO (1885)
Também ensinada nas escolas como sendo um prêmio do “coração bom” do senhor para o escravo que muito trabalhou.
“Todo escravo que atingisse os 60 anos de idade ficaria automaticamente livre”.
Na verdade esta lei foi a forma mais eficiente para jogar na rua os velhos doentes e impossibilitados de continuar gerando riquezas para os senhores de fazendas, surgindo assim os primeiros mendigos nas ruas do Brasil.
7º ATO OFICIAL: DECRETO 528 DAS IMIGRAÇÕES EUROPÉIAS (1890)
No poder, o partido Republicano: a industrialização do país
A industria precisava de : matéria prima e mão de obra.
Matéria prima no Brasil não era problema.
Quanto à mão de obra, o povo negro estava aí, disponível! A mão de obra passou a ser problema quando o governo descobriu que se o negro ocupasse as vagas nas indústrias, iria surgir uma classe média negra poderosa e colocaria em risco o processo de embranquecimento do país. A solução: decretar, no dia 28 de junho de 1890 a reabertura do país às imigrações européias e definir que negros e asiáticos só poderiam entrar no país com autorização do congresso.
E quando a cota é pra negro todo mundo se indigna mas disso ninguém lembra!!!
2 comentários:
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Classe média negra poderosa? Os imigrantes que foram usados como mão de obra se tornaram uma classe média poderosa? Não. Eles eram operários e reprimidos pela Justiça, já não bastasse a Lei Adolfo Gordo. O uso ou não de mão de obra negra nas indústrias parte do anseio das elites pelo embranquecimento e pela especialização técnica desses imigrantes.
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