S. Paulo - Passados mais de trinta dias, o poeta da Cooperifa, cantor, compositor e rapper, Luciano Dimes da Silva, oJames Banthu, 28 anos (foto), ainda não conseguiu esquecer a cena: a funcionária da segurança da Agência do Banco do Brasil, da Rua Rego Freitas, Centro, uma mulher, com um braço à sua frente e a ordem: “você não vai entrar”; e um policial militar, ameaçando-o: “eu posso lhe prender”.
Banthu tinha ido à Agência para descontar o cheque de R$ 504,00, o seu salário de um mês na Ação Educativa, onde trabalha como Arte-Educador. A idéia de descontar o cheque ficou na intenção: foi barrado na porta giratória acionada pela segurança.
Primeiro, pediram para que abrisse várias vezes a bolsa, onde levava o seu computador portátil, um Notebook, instrumento de trabalho. Mochila e bolsos foram revistados, sem que nada fosse encontrado. A segurança, porém, insistia. “Não pode entrar”. Sem saber, Banthu era o suspeito-padrão da vez.
Diante da insistência em descontar o cheque, a segurança não teve dúvidas: chamou dois policiais que estavam próximos e aí começou mais uma sessão de constrangimento ilegal, e ameaças. “Vamos para o canto para eu te revistar”, disse o policial.
Mãos na cabeça
Mãos na cabeça, Banthu foi empurrado para um canto e com o dedo em riste ameaçador, um policial surgiu à sua frente, insistindo em algemá-lo.”Eu vou te prender. Cala a sua boca. Fale depois de mim. Não mandei você falar. Se quiser posso até deixar você pelado aqui”, ameaçou o policial, diante da tentativa do cantor, que tentava, inutilmente argumentar: “O que você está fazendo está errado. Estou apenas querendo descontar o meu cheque”.
Desesperado e em pânico, Banthu sentou-se no chão, suas pernas tremiam, começou a chorar.
Pessoas, que tiveram a atenção despertada pela cena de racismo e truculência gratuita, correram em socorro. Uma moça, Marcela Prest, que já se propôs a testemunhar o ocorrido, chegou a discutir com o policial, avisando-o: “Isso é racismo, o que o senhor está fazendo”.
Humilhado e atordoado, o rapper aproveitou o tempo em que a moça falava com o policial para tomar fôlego e sair do banco, até mesmo sem a carteira de identidade, retida pelo policial. Ele só conseguiu descontar o cheque no dia seguinte, quando voltou acompanhado por cerca de 50 amigos solidários, que lotaram a agência, em protesto silencioso e indignado.
“Me senti impotente, incapaz, como se, por algum instante, eu nada representasse, não tivesse uma história, não respondesse mais pelos meus atos”, contou.
Investigação
O caso ocorreu no dia 09 de fevereiro e está sendo investigado em Inquérito Policial aberto na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, por determinação da delegada Margarette Barreto. Na próxima semana, Banthu, acompanhado do advogado Dojival Vieira, prestará depoimento.
Além da punição dos responsáveis pelos atos de racismo, constrangimento ilegal e ameaças, ele disse que vai acionar judicialmente o Banco do Brasil e o Governo do Estado por danos morais.
Paralelamente, amigos do cantor, pretendem promover no Dia 21 de março – Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial criado pela ONU - ao de protesto em frente a Agência para cobrar Justiça.
O Banco do Brasil teve lucro líquido de R$ 11,703 bilhões em 2010 - o maior da história dos bancos, segundo aponta levantamento da consultoria Economatica, com base nos balanços apresentados à Comissão de Valores Mobililiários (CVM), em valores nominais.
FONTE: AFROPRESS
James Banthu |
Banthu tinha ido à Agência para descontar o cheque de R$ 504,00, o seu salário de um mês na Ação Educativa, onde trabalha como Arte-Educador. A idéia de descontar o cheque ficou na intenção: foi barrado na porta giratória acionada pela segurança.
Primeiro, pediram para que abrisse várias vezes a bolsa, onde levava o seu computador portátil, um Notebook, instrumento de trabalho. Mochila e bolsos foram revistados, sem que nada fosse encontrado. A segurança, porém, insistia. “Não pode entrar”. Sem saber, Banthu era o suspeito-padrão da vez.
Diante da insistência em descontar o cheque, a segurança não teve dúvidas: chamou dois policiais que estavam próximos e aí começou mais uma sessão de constrangimento ilegal, e ameaças. “Vamos para o canto para eu te revistar”, disse o policial.
Mãos na cabeça
Mãos na cabeça, Banthu foi empurrado para um canto e com o dedo em riste ameaçador, um policial surgiu à sua frente, insistindo em algemá-lo.”Eu vou te prender. Cala a sua boca. Fale depois de mim. Não mandei você falar. Se quiser posso até deixar você pelado aqui”, ameaçou o policial, diante da tentativa do cantor, que tentava, inutilmente argumentar: “O que você está fazendo está errado. Estou apenas querendo descontar o meu cheque”.
Desesperado e em pânico, Banthu sentou-se no chão, suas pernas tremiam, começou a chorar.
Pessoas, que tiveram a atenção despertada pela cena de racismo e truculência gratuita, correram em socorro. Uma moça, Marcela Prest, que já se propôs a testemunhar o ocorrido, chegou a discutir com o policial, avisando-o: “Isso é racismo, o que o senhor está fazendo”.
Humilhado e atordoado, o rapper aproveitou o tempo em que a moça falava com o policial para tomar fôlego e sair do banco, até mesmo sem a carteira de identidade, retida pelo policial. Ele só conseguiu descontar o cheque no dia seguinte, quando voltou acompanhado por cerca de 50 amigos solidários, que lotaram a agência, em protesto silencioso e indignado.
“Me senti impotente, incapaz, como se, por algum instante, eu nada representasse, não tivesse uma história, não respondesse mais pelos meus atos”, contou.
Investigação
O caso ocorreu no dia 09 de fevereiro e está sendo investigado em Inquérito Policial aberto na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, por determinação da delegada Margarette Barreto. Na próxima semana, Banthu, acompanhado do advogado Dojival Vieira, prestará depoimento.
Além da punição dos responsáveis pelos atos de racismo, constrangimento ilegal e ameaças, ele disse que vai acionar judicialmente o Banco do Brasil e o Governo do Estado por danos morais.
Paralelamente, amigos do cantor, pretendem promover no Dia 21 de março – Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial criado pela ONU - ao de protesto em frente a Agência para cobrar Justiça.
O Banco do Brasil teve lucro líquido de R$ 11,703 bilhões em 2010 - o maior da história dos bancos, segundo aponta levantamento da consultoria Economatica, com base nos balanços apresentados à Comissão de Valores Mobililiários (CVM), em valores nominais.
FONTE: AFROPRESS
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