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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Moção de Apoio e reconhecimento ao Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão Ao Coletivo Representante da Ocupação Canto de Conexão

Comissão de Reestruturação do

Conselho Municipal para o

Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas


Moção de Apoio e reconhecimento ao Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão

Ao Coletivo Representante da Ocupação Canto de Conexão



Pelotas 27 de junho de 2022.


Um dos principais resultados do modelo de exploração do trabalho escravo no Brasil e que guarda suas raízes, até hoje, imbricadas na sociedade brasileira é a incapacidade de acesso à terra, moradia e vida digna por parte da população negra. É verdade que a maioria da população negra pertence aos segmentos mais frágeis da estrutura social, mas o fato é que essa população apresenta dificuldades adicionais que tendem a se reproduzir ao longo do tempo. O futuro dos negros e negras está também associado à evolução política e estrutural da sociedade brasileira como um todo, mas existem formas particulares de discriminação, que se relacionam, por exemplo, à distribuição geográfica dos negros e às dificuldades de acesso ao trabalho, à educação, à saúde e direito à terra.

Segundo Abdias do Nascimento (1980) no Brasil são os quilombos, as principais organizações sociais, que fazem dos referenciais africanos, parte de seu arranjo estrutural enquanto sociedade. Diante de uma realidade histórica e social que desqualifica o povo preto como cidadão, surge a necessidade da população negra de defender sua sobrevivência e assegurar sua existência enquanto ser.

Em uma cidade marcada, de forma definitiva, pelas consequências da escravidão, o Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão é um espaço de embate e enfrentamento a um modelo de espoliação imobiliária e de abuso do poder econômico que demarca os espaços acessíveis e inacessíveis à população negra do município. Encravado no centro da cidade, na região de maior fruição intelectual do município, o Kilombo Urbano tem como objetivo superar as consequências contemporâneas do período escravocrata em toda a América Latina. Para além de uma sociedade baseada em um sistema social oriundo dos referenciais culturais africanos, a ocupação apresenta-se como um projeto coletivo de sociedade.

Não interessa mais àquela forma alternativa de organização social uma adaptação aos moldes da sociedade capitalista hierarquizada. Pois é evidente que no escopo das ações do Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão está a reconstrução e a recontagem da história do povo Preto da metade sul do Rio Grande do Sul a partir de um novo paradigma de civilizatório, ancorado na perspectiva de uma sociedade justa e igualitária.

Sendo assim, esta Comissão se solidariza com a defesa da permanência do Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão na estrutura que hoje ocupa. Considerando a realidade evidente de que o Kilombo rompe com as lógicas de segregação e desigualdade e propõe alternativas de sociabilidade que propiciam que as pessoas que ali encontram acolhida possam retomar o sentido da noção de vida digna. E isso não se resume apenas ao trabalho de caridade ou voluntariado, mas também a disposição para refletir sobre o direito à cidade. A cidade precisa ser um espaço de uso coletivo, racional e equânime. O Kilombo tem esse modelo por princípio e vem demonstrando nestes anos de atuação que é possível fazer desta lógica uma forma estrutural de aproveitamento da cidade.

Cabe ainda salientar que é na franja de ausência do Estado, como ente catalisador das demandas da população mais carente das cidades, em geral pessoas não brancas, que modelos de organização como Kilombo Urbano encontram eco e ressonância em outras partes do mundo. Haja visto que tem sido objeto de pesquisa, análise e reconhecimento de organismos internacionais que pleiteiam e valorizam o respeito ao uso racional da terra, do espaço e da cidade.

Desta forma, esta Comissão que tem por intuito reforçar e reestruturar o Conselho para o Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas, defende as posições orientadas pelo Kilombo Urbano Ocupação Canto de Conexão, assim como soma-se aos demais coletivos na defesa deste espaço e das ações de cunho social e civilizatório, ali desenvolvidas.


Atenciosamente


Comissão de Reestruturação do

Conselho Municipal para o

Desenvolvimento da Comunidade Negra de Pelotas



quinta-feira, 16 de junho de 2022

Problematizando os livros , "Política da Morte e Iguais Por Direito"

 Na última quarta(1506), em iniciativa da Comissão de Igualdade Racial da OAB Pelotas, o jurista, pesquisador e membro da Comissão de reestruturação do Conselho da Comunidade Negra de Pelotas - Dr. Fábio Gonçalves, esteve problematizando os livros “Iguais por Direito?” e “A Política da Morte”. Conforme o autor, as obras foram adaptadas, pois originalmente decorrem de dissertações de mestrado, realizadas na FURG e UFPel. No evento, houve postulações e discussões com lideranças negras locais e regionais, institucionais e da militância social, bem como com os prefaciadores dos títulos. A programação aberta à comunidade, ocorreu no auditório Alcides de Mendonça Lima da OBA/Pelotas.

Dr Fábio Gonçalves 


PROVOCAÇÕES – Fábio Gonçalves pontua que o debate provocou, dentre outros assuntos sobre temas tais como “representatividade, punitividade, justiçamento e cidadania”. A promoção da Comissão da Igualdade Racial da Subseção da OAB em Pelotas teve apoio e contou com a presença de representantes da Comissão Coirmã da Subseção de Rio Grande.

Estiveram participando dos debates sobre as obras. Raquel Sparemberger, pós-doutora e docente na FURG, é a prefaciadora de “Iguais por Direito? – Desigualdade, reparação social e sub-representatividade Negra no Brasil recente” e Bruno Rotta Almeida, pós-doutor e docente na Faculdade de Direito da UFPel, é o autor do prefácio de “A Política da Morte – Questão racial e segurança pública no Brasil recente”, além da indígena - Bacharela em Direito, Pietra Dolamita, dentre outr@s.










AUTOR – Fábio dos Santos Gonçalves preside a Comissão de Igualdade Racial da OAB/Pelotas. Professor e advogado, foi agraciado com a medalha Zumbi dos Palmares pela ALERGS. Na OAB/RS, é um dos mediadores do grupo de estudos Antirracismo da ESA OAB RS. Na UFSC, é doutorando em direito.


quinta-feira, 2 de junho de 2022

Presença Negra do Margs

 A "Presença Negra no MARGS" reúne mais de 200 obras de 70 artistas negros e permanece em exibição até 31 de agosto.

A exposição inédita conta com a curadoria dos pesquisadores Igor Simões , Izis Abreu e Caroline Ferreira e ocupa todo o primeiro andar do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, no Centro Histórico de Porto Alegre RS.

Paulo Corrêa, artista plástico pelotense

 

" É a primeira exposição coletiva de artistas negros" no (@museumargs) , revela (@paulocorrea.artes) Paulo Corrêa, que participa da exposição com a instalação "TERRAGRITA". O artista reconhece a importância da valorização dos artistas negros nesses espaços. Paulo Corrêa iniciou o projeto @terragrita no início da pandemia causada pela COVID-19 " Foi um período difícil para artistas de todas as áreas. Mas aproveitei esse momento para desenvolver experimentos com pigmentos naturais, papelão e outros materiais recicláveis", conta Paulo. Paulo explica que " TERRA GRITA" é composta por várias obras, figuras destroçadas pelo tempo, código binário, que assim como levanta a humanidade na área tecnológica destrói muito rápido quem não está inserido. As catadeiras de papel também estão representadas. E essa coleção traz um alerta para as pessoas sobre o meio ambiente, especialmente a comunidade negra que tem uma relação ancestral com a natureza.

O projeto tem produção e realização da Secretaria de Cultura do RS @sedac_rs, por meio do MARGS e da associação de Amigos do Museu.


Serviço: " Presença Negra no MARGS"

Loca: MARGS Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Praça da Alfândega, s/nº, Centro Histórico de Porto Alegre/RS.

Data: 14 de Maio a 21 de Agosto( de terça a domingo, 10 às 19)
Visitação GRATUÍTA.

FONTE: @revista_conexoes no Instagram