Nego Drama

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Um lanceiro Negro imprescindível foi ao Orum

Um Lanceiro Negro imprescindível foi ao Orum Quando um imprescindível se vai, o solo da luta é irrigado pelo sangue de um lanceiro. No dia 02 de outubro de 2022 perdemos uma referência, deixamos de ouvir a voz grave, o sorriso largo, o abraço afável, aquele “abraço de urso”. Perdemos a postura dos resistentes, a defesa dos que menos podem, a postura de retidão moral, ética e de respeito. Elton Lemos se foi. O “Nego Elton”, o “homem bomba”, o “boca de conflito”. Aquele coração enorme, gigante, descomunal, parou. Talvez tenha descansado, pois na luta ele apanhou muito, apanhou, inclusive, mais do que bateu, vergou, mas nunca caiu. O nosso amigo Elton, infelizmente, foi ao Orum, foi encontrar-se com a ancestralidade, com o amor ágape dos nossos mais velhos. Militante histórico em defesa da negritude pelotense. Professor com rara habilidade no trato com estudantes, terapeuta ocupacional que cativou pelo cuidado, pela atenção e profissionalismo. Elton encarnava o conceito de Amigo, sempre disposto a ouvir, sempre teve uma palavra de afeto, sempre acolheu. Gritou contra as injustiças e foi um injustiçado. Mas nunca, em hipótese alguma, deixou de ter posição. Com o Elton aprendemos que nem sempre a docilidade era a alternativa possível. Entendemos que a pressão pela ação é um motivador eficaz. O “homem bomba” sempre teve o que dizer, pois sabia o que falar. Nunca fugiu do confronto, criado na vila, forjado no barro, talhado na luta, este era o negão Elton. Chorão, afetuoso, invocado, amável e afável, que baita amigo foste. E mesmo quando discordamos, quando não nos entendemos foi a tua paciência que sustentou nossa amizade. Perdemos um gigante descomunal, de um amor fraternal, de um afeto ímpar. És e foste um grande pai, um companheiro leal, um amigo sem igual. Que bom podermos compartilhar a tua amizade, a tua ranzinzice, o teu humor ácido, a tua risada escancarada, o teu olhar doce e cheio de afeto. Na última vez que nos vimos tu falaste do meu sorriso, da minha felicidade. E eu fiquei orgulhoso pela tua sensibilidade. Hoje, nos despedimos. Com uma dor indescritível escrevo esse texto, na certeza, irmão, que tu te encontras com os que já se foram. Camilla leu um texto agora, que me fez mais uma vez pensar em ti, transformaste dificuldade em sucesso e felicidade e nós fomos muito felizes ao teu lado. Obrigado meu amigo, por tanto, obrigado por tudo. 4P, Eu quero ver quando Zumbi voltar......... Por/ André Luis Pereira

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