Marcio Alexandre Martins Gualberto |
Iniciamos o ano de 2011 com a posse da presidente Dilma Rousef, com o fechamento de seu ministério e, ainda a discussão em torno de nomes de segundo, terceiro e quarto escalões.
Se por um lado houve muxoxos pela permanência de muitas figuras já carimbadas no álbum do presidente anterior, Luiz Ignácio Lula da Silva; por outro Dilma ousou ao bancar uma maior participação de mulheres em seu ministério.
Não chegou aos 30% como se esperava, mas houve um avanço significativo na presença das mulheres e, mais que isso, Dilma chamou para si, para sua cota pessoal alguns ministérios-chave, entre eles a Secretaria Especial das Mulheres, a Seppir, a Cultura, entre outros.
O Coletivo de Entidades Negras é uma organização política do Movimento Negro, com presença em mais de 15 estados da Federação e com mais de 500 entidades filiadas, coloca-se no cenário nacional com a segunda ou maior terceira organização do MN brasileiro.
Além disso, o CEN hoje ocupa espaços importantes como o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, o Forum Nacional de Entidades de Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Segurança Pública, o Conselho Nacional de Juventude, sem contar uma imensa e destacada articulação nos estados em que se encontra.
Por tudo isso o CEN considera que há acertos importantes nas indicações da presidente Dilma que nos leva a ter a esperança de que ela faça um governo mais voltado para o diálogo com a sociedade civil e não privilegie apenas um ou outro setor como, infelizmente vimos acontecer em vários momentos do governo Lula.
Acreditamos que a presença de Maria do Rosário, na Sedh, de Luiza Bairros, na Seppir, Iriny Lopes, na Secretaria das Mulheres, de Ana Hollanda na Cultura, de Haddad na Educação e tantos e tantas em outros ministérios tornará importante a interlocução a partir de um viés fundamental que é a radicalização da transversalidade.
Por si só, falar em transversalidade é falar em radicalidade, pois sua função vital é exatamente trazer determinado tema, ligado a um campo, para que seja compreendido e assimilado por outros setores. No entanto, quando vemos a Universidade Federal do Rio de Janeiro publicar estudo dizendo que o acesso dos negros à saúde (via SUS) ainda é precário, precisamos compreender que é fundamental fortalecer a lógica da transversalidade e radicalizá-la para que isso não fique apenas no discurso.
De nada adianta uma Seppir isolada, que não tenha força de proposição e até mesmo de imposição de determinadas políticas a outros setores ministeriais. Será apenas mais um órgão frágil, constituído muito mais para responder aos movimentos sociais que propôr políticas.
O CEN é uma organização de vanguarda que traz em si os temas ligados à juventude, às discussões de gênero, à religiosidade de matriz africana entre outros. O CEN se configura como uma entidade moderna, conectada à cybercultura e ao mesmo tempo preserva o saber ancestral das casas de santo, no entanto, o CEN compreende que muito mais que nomes encabeçando ministérios, o que é necessário é se discutir a política, é compreender que o que será feito não ficará apenas no apoio pontual a eventos, mostras de vídeos, premiações e publicações.
Mas que se chamará a sociedade civil para discutir a política mesmo, com suas nuances e desdobramentos para que assim possamos construir uma nova forma de relação com os ministérios afins às nossas causas.
Saudamos a presidente pelas escolhas, não faremos aqui nem elogios nem críticas aos nomes apresentados. A princípio achamos que são nomes interessantes, que trazem em si história e compromisso. O que virá depois só saberemos a partir do convívio, da construção dos diálogos e da formulação das políticas.
O CEN, ciente de suas responsabilidades perante seus militantes e parceiros, coloca-se com disposição para construir estas pontes de diálogo, fortalecer as relações políticas e ao mesmo tempo estar sempre atento para cobrar daqueles e daquelas o não cumprimento dos compromissos assumidos.
Desejamos à presidente eleita e à sua equipe um 2011 de muito trabalho, sucesso e respeito a cada setor da sociedade civil que é hoje um dos dentes mais fortes desta imensa engrenagem chamada democracia brasileira.
Lembrando que 2011 é o ano escolhido pela ONU como o Ano dos Afro-Descendentes, portanto, um ano fundamental para colocar em pauta toda a agenda relacionada à temática étnico-racial em nosso país.
*O título original do artigo é "No ano dos afro-descendentes é importante radicalizar a transversalidade"
Não chegou aos 30% como se esperava, mas houve um avanço significativo na presença das mulheres e, mais que isso, Dilma chamou para si, para sua cota pessoal alguns ministérios-chave, entre eles a Secretaria Especial das Mulheres, a Seppir, a Cultura, entre outros.
O Coletivo de Entidades Negras é uma organização política do Movimento Negro, com presença em mais de 15 estados da Federação e com mais de 500 entidades filiadas, coloca-se no cenário nacional com a segunda ou maior terceira organização do MN brasileiro.
Além disso, o CEN hoje ocupa espaços importantes como o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, o Forum Nacional de Entidades de Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Segurança Pública, o Conselho Nacional de Juventude, sem contar uma imensa e destacada articulação nos estados em que se encontra.
Por tudo isso o CEN considera que há acertos importantes nas indicações da presidente Dilma que nos leva a ter a esperança de que ela faça um governo mais voltado para o diálogo com a sociedade civil e não privilegie apenas um ou outro setor como, infelizmente vimos acontecer em vários momentos do governo Lula.
Acreditamos que a presença de Maria do Rosário, na Sedh, de Luiza Bairros, na Seppir, Iriny Lopes, na Secretaria das Mulheres, de Ana Hollanda na Cultura, de Haddad na Educação e tantos e tantas em outros ministérios tornará importante a interlocução a partir de um viés fundamental que é a radicalização da transversalidade.
Por si só, falar em transversalidade é falar em radicalidade, pois sua função vital é exatamente trazer determinado tema, ligado a um campo, para que seja compreendido e assimilado por outros setores. No entanto, quando vemos a Universidade Federal do Rio de Janeiro publicar estudo dizendo que o acesso dos negros à saúde (via SUS) ainda é precário, precisamos compreender que é fundamental fortalecer a lógica da transversalidade e radicalizá-la para que isso não fique apenas no discurso.
De nada adianta uma Seppir isolada, que não tenha força de proposição e até mesmo de imposição de determinadas políticas a outros setores ministeriais. Será apenas mais um órgão frágil, constituído muito mais para responder aos movimentos sociais que propôr políticas.
O CEN é uma organização de vanguarda que traz em si os temas ligados à juventude, às discussões de gênero, à religiosidade de matriz africana entre outros. O CEN se configura como uma entidade moderna, conectada à cybercultura e ao mesmo tempo preserva o saber ancestral das casas de santo, no entanto, o CEN compreende que muito mais que nomes encabeçando ministérios, o que é necessário é se discutir a política, é compreender que o que será feito não ficará apenas no apoio pontual a eventos, mostras de vídeos, premiações e publicações.
Mas que se chamará a sociedade civil para discutir a política mesmo, com suas nuances e desdobramentos para que assim possamos construir uma nova forma de relação com os ministérios afins às nossas causas.
Saudamos a presidente pelas escolhas, não faremos aqui nem elogios nem críticas aos nomes apresentados. A princípio achamos que são nomes interessantes, que trazem em si história e compromisso. O que virá depois só saberemos a partir do convívio, da construção dos diálogos e da formulação das políticas.
O CEN, ciente de suas responsabilidades perante seus militantes e parceiros, coloca-se com disposição para construir estas pontes de diálogo, fortalecer as relações políticas e ao mesmo tempo estar sempre atento para cobrar daqueles e daquelas o não cumprimento dos compromissos assumidos.
Desejamos à presidente eleita e à sua equipe um 2011 de muito trabalho, sucesso e respeito a cada setor da sociedade civil que é hoje um dos dentes mais fortes desta imensa engrenagem chamada democracia brasileira.
Lembrando que 2011 é o ano escolhido pela ONU como o Ano dos Afro-Descendentes, portanto, um ano fundamental para colocar em pauta toda a agenda relacionada à temática étnico-racial em nosso país.
*O título original do artigo é "No ano dos afro-descendentes é importante radicalizar a transversalidade"
Fonte: Marcio Alexandre Martins Gualberto
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