Nos últimos dias, um novo caso de racismo estrutural foi exposto em Pelotas, desta vez dentro da própria Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Um motorista terceirizado, que presta serviços para uma instituição, foi vítima de uma situação vergonhosa de racismo e intolerância religiosa, perpetrada por um(a) aluno(a) enquanto exercia seu trabalho. E, como sempre, esse episódio não é um ato isolado, mas um reflexo das mazelas que ainda infectam a nossa sociedade.
A denúncia, feita pela enteada da vítima, trouxe à tona um vídeo em que o motorista é ridicularizado por escutar "música de preto", apenas por ser negro. Sim, você está certo. A justificativa para o ataque racista foi que ele, um homem negro, estava ouvindo músicas que representam a sua cultura, a sua identidade, e, claro, a sua resistência histórica. E a resposta para isso? Uma mensagem cheia de estereótipos, discriminação e um ultraje à própria dignidade humana.
O conteúdo da mensagem é de uma violência absurda, repleta de emojis que, ao invés de respeito, carregam desprezo e uma visão distorcida da realidade. A frase “O preto só sabe rir e dar gargalhada” revela, sem pudor, o quanto o racismo ainda está presente no cotidiano de nossa cidade, inclusive dentro das universidades, instituições que deveriam ser espaços de reflexão e inclusão.
Este caso não é isolado e traz à tona um ponto crucial: até onde as universidades, instituições de ensino superior, estão realmente comprometidas com a luta contra o racismo e com a promoção de um ambiente verdadeiramente inclusivo? Será que as universidades não estão apenas repassando declarações vazias, como a nota da UFPel, que se limita a "repudiar o caso" e afirmar que "estão tomando medidas cabíveis"?
O que falta é mais do que notas e desculpas. O que falta é uma ação concreta. A UFPel deve assumir sua responsabilidade e aprofundar no debate sobre racismo estrutural, criar espaços de diálogo genuínos e reparações que realmente transformem essa realidade. É preciso que uma universidade, como instituição pública, adote medidas que não sejam apenas reativas, mas educativas e preventivas. Que se implementem, de maneira eficaz, políticas de conscientização e combate ao racismo no ambiente acadêmico.
Esse episódio revela um problema muito mais profundo que precisa ser encarado de frente: a invisibilidade e a criminalização da cultura negra ainda estão em cada esquina, dentro de cada sala de aula e até nos corredores das universidades. Não se trata apenas de uma ação isolada de um aluno(a) racista, mas de um sistema que naturaliza a discriminação e marginaliza as culturas negras em todos os espaços sociais.
Portanto, a verdadeira questão aqui é: será que a UFPel e outras instituições estão realmente dispostas a compensar suas práticas, ou se conformarão com mais um caso de racismo escancarado que se limita ao esquecimento? É hora de questionarmos a efetividade das ações de combate ao racismo e exigirmos que o debate não se resuma a uma simples nota de repúdio, mas que se transforme em práticas e mudanças substanciais.
A luta contra o racismo é de todos nós. Não podemos nos calar. A resposta da UFPel deve ser mais do que apenas palavras; ela precisa ser uma ação concreta. Como sociedade, não podemos permitir que o racismo continue sendo tratado como uma piada.
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